Folha Universitária entrevista Sanchez
A Folha Universitária da Universidade UNIBAM Brasil publicou essa semana uma entrevista com o presidente do S. C. Corinthians Paulista, Andrés Sanchez. .
A insatisfação do presidente Corinthiano em exercer o poder é evidenciada nas suas respostas.
Sanchez se sente perseguido e diz estar fazendo o melhor para o Clube, mas não vê a hora de ir embora .
Diz que daqui que fará uma lista de jornalistas que vão ao puteiro quantos ficam bêbados na balada.
O Blog selecionou as melhores partes e disponibiliza ao final, o link da entrevista completa.
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O homem forte do Corinthians
Com um discurso crítico, o presidente do Corinthians, Andrés Sanches, dispara contra tudo e contra todos.
Por Luciana Almeida
De família humilde, uma infância não muito diferente de outros brasileiros. Hoje é empresário e presidente de um dos maiores clubes brasileiros de futebol, Andrés Sanches, 45 anos, conversou com a reportagem da Folha Universitária e contou um pouco sobre as difíceis experiências no cargo de dirigente, falou do que pensa sobre torcida organizada, sobre as comemorações do centenário e a volta da disputa da Copa Libertadores da América.
Desde que assumiu a presidência em 2007, vem tentando fazer o máximo possível por um bom trabalho dentro do clube, e diz sair definitivamente do comando alvinegro após o término do mandato.
Andrés falou também sobre os bastidores de um clube de futebol, os contras em se estar à frente de um grande clube como o Corinthians, as responsabilidades, interesses, desafios, cobranças feitas tanto por torcedores e mais ainda pela imprensa. E diz que o futebol no Brasil, não passa de política e que muitas vezes ele paga caro pela sua sinceridade.
Folha Universitária – Presidente, quanto tempo de Corinthians?
Andrés Sanches – Desde 69. Com cinco anos de idade eu entrei com meu pai e minha família toda como sócio e estou até hoje, infelizmente.
F. U. – Infelizmente?! Por quê?
A. S. – É. Porque isso aqui é uma ‘merda’. Isso aqui é política. Ninguém dá nada, só querem.
F. U. – Você é visto como um dirigente jovem. A responsabilidade que depositam em você é maior por conta disso?
A. S. – A partir do momento que você tem 18 anos, responde pelos seus atos, você tem autonomia e autoridade para tomar conta de qualquer situação. Logicamente, no futebol, por ser muito arcaico, os mais velhos sempre se mantém no poder. Tem presidente de clube que ficam 10,15, 20 anos, e muitos estão até hoje. Outros tentam ficar o máximo possível e eu quero ir embora assim que acabar meu mandato, que é até fevereiro de 2012.
F. U. – Então você não pretende ficar?
A. S. – Pretender ficar não! Eu não fico! Cada um tem seus gostos, seus interesses e seus poderes, mas eu não tenho poder e interesse nenhum a não ser em meus filhos e minha empresa. Então é por isso que eu estou aqui de passagem, fazendo o melhor possível. E estou fazendo, mas não vejo o dia de ir embora.
F. U. – Você pode fazer uma comparação da antiga presidência e a atual?
A. S. – Não! Mesmo porque a antiga presidência já morreu, não tenho o que falar. Eles erraram e acertaram, vai da conclusão de cada corintiano, que sabe o que eles fizeram. Não adianta bater em cachorro morto.
F. U – Em sua opinião, o futebol foi elitizado?
A. S. – Infelizmente o futuro vai ser esse e não só no futebol.Hoje você pega os bancos, ficaram quantos? Supermercados quantos existem? Autopeças? Concessionária de automóveis? Os grandes estão engolindo os pequenos e acho que com o futebol vai ser igual. Vão ficar os 25, 30 maiores times do Brasil e alguns médios. Infelizmente os pequenos, ainda mais com a Lei Pelé, vão acabar.
F. U. – Essa exploração do marketing do Corinthians, como você observa?
A. S. – O futebol está muito arcaico, muito pequeno. O futebol, pela representatividade que tem no Brasil, se fatura muito pouco, não só em marketing, em ingresso, mas em tudo porque existem essas coisas que ninguém sai do poder, todo mundo quer se manter e fica desacreditado. Então, nós pegamos o Corinthians há dois anos. O que mais investimos foi no marketing, principalmente para trazer torcedores jovens, crianças e arrecadar dinheiro.
F. U. – Qual foi à contribuição do Ronaldo nesse aumento?
A. S. – O Ronaldo é um ídolo mundial. Hoje muita gente vai assistir ao jogo do Corinthians ou fala do Corinthians por causa dele. O Corinthians é muito grande aqui dentro do Brasil, fora não era muito conhecido. Com o Ronaldo ficou muito mais. Não se tem uma noção de quanto custa isso. Por exemplo: se o Corinthians fosse cobrar dos patrocinadores aquilo que ele aparece na mídia, não ia ter dinheiro para pagar e como sempre você está com a bacia nas almas, com o pires na mão, quem quer pagar, paga o mínimo possível. Quem quer cobrar cobra o máximo, mas não consegue, não fecha a conta.
F. U. – E sobre o preço dos ingressos...
A. S. – ... Quanto se paga para ir ao teatro? Futebol é um espetáculo. A maior torcida do Corinthians é dos ricos, milionários, classe média, classe pobre, na mendiga. Corinthians é maioria em todos os seguimentos. Tudo é oferta e procura. Se num jogo tem 35 mil pagantes, porque vou baixar o preço? Eu tenho que pagar minhas contas, tenho que contratar jogador, tenho que fazer um time competitivo e, lógico, tenho que achar um meio termo. Temos o Fiel Torcedor, que tem até 40% de desconto. Você coloca o ingresso a 10 reais, o torcedor vai pagar 4 reais para assistir a um jogo, então eu tenho que aumentar o preço para forçar esse Fiel Torcedor. Não tem que pegar fila, que é o que tantos reclamam. Pura hipocrisia, porque o show da Madona tinha uma fila enorme e ninguém falou nada. No futebol todo mundo fala. Se essas leis que querem impor no futebol fossem colocadas no país, ele seria outro. Descriminasse torcida organizada, o torcedor, o flanelinha, o cambista. Em qualquer peça de teatro tem cambista, só no futebol não pode ter. Isso é a tal da hipocrisia que impera nesse maldito país.
F. U. – E o Pacaembu será mesmo do Corinthians?
A. S. – O Pacaembu é da prefeitura. O máximo que pode acontecer é ter a concessão por 30, 40 anos, se conseguir. Se eu fosse prefeito da cidade, seria o mais rápido possível. Eu como presidente, luto o máximo para não pegar e o prefeito trabalha o máximo para entregar. O que o Pacaembu faz pela cidade? Quantas vezes você foi ao museu do futebol?
F. U. – E o tão sonhado estádio do Corinthians?
A. S. – Não vou falar sobre estádio.
F. U. – Para o ano que vem, o foco é mesmo a Copa Libertadores da America?
A. S. - Os campeonatos que o Corinthians disputa, ele tenta ganhar todos. Automaticamente, por nunca termos sido campeão de Libertadores, toda visibilidade, toda programação está voltada para o primeiro semestre do ano que vem. É um ciclo. Por exemplo, agora em julho, fomos campeões da Copa do Brasil, começou esse ciclo e vai se encerrar em agosto do ano que vem, mas o torcedor tem que ter paciência e entender que para você conquistar um campeonato, tem que disputar várias vezes e nós disputamos uma libertadores há 5 ou 7 anos, então fica mais difícil de ganhar, mas obviamente é um sonho de todos nós corintianos.
F. U. – O que está sendo preparado para a comemoração do centenário?
A. S. – Eu queria dormir hoje e acordar daqui um ano. É muita coisa. Como tudo no Corinthians, vai ter quem goste e quem não goste. Agora, comemorações vão ter de monte como festas e lembrando o torcedor corintiano que é o maior patrimônio que o clube tem. Então, automaticamente, vai ser tudo virado para ele, mas se perder dois jogos não vai adiantar nada. Vai ter um jogo profissional amistoso com um time espanhol ou inglês. Vão ter algumas ações, não só no futebol, como festivais dentro do clube e na cidade para o torcedor. Se eu for enumerar aqui vai ser muita coisa. A primeira é o carnaval e depois o navio do centenário.
F. U. - E o investimento do Corinthians nas categorias de base?
A. S. - O Corinthians é um dos que mais investe nas categorias de base. Existe muita dificuldade, porque você tem lá uns 200, 300 garotos para salvar um. Você paga 10 anos para o atleta aqui com médico, dentista, alimentação e depois com 18, 19 anos o moleque não vira jogador, num time de ponta. Não estudou porque com 15, 16 anos já tem concentração, viajem, torneio fora. Isso é no Corinthians ou em qualquer lugar do país. É triste porque poucos ganham dinheiro com futebol, agora, o Corinthians foi o que mais ganhou Taça São Paulo está sempre disputando todos os campeonatos, mas existem as dificuldades, ainda mais com essa Lei Pelé que você faz um contrato por três anos, o moleque sobe para o profissional e depois ninguém consegue renovar se não pagar uma fortuna, porque depois de três anos ele fica livre.
F. U. - Sobre venda de jogadores como o André Santos.
A. S. - Não temos condições de pagar 350 mil euros para jogador. Tenho mais 25 jogadores atualmente, não temos condições, ou eu vendo o jogador, ou deixo ele aqui e não joga mais, é o que está acontecendo com muitos times por aí. O Brasil é vendedor em relação ao futebol, não tem jeito, e o europeu é comprador. Antes de o clube falar comigo, eles já tinham acertado com o jogador. O torcedor sabe que o jogador foi para ganhar mais. Você acha que eles estavam chorando porque iriam sair do Corinthians? Não, era pq nunca imaginavam que iriam ganhar tanto dinheiro.
F. U. - E essa pressão da mídia em cima do Ronaldo?
A. S. - Ele tira de letra. O problema sou eu. Queria eu ter a facilidade que ele tem. A mídia esportiva no Brasil é muito hipócrita. No jornal de hoje (22/09) fala meia página de futebol e duas páginas da festa do Ronaldo, quem foi lá trepar, fumar maconha, a mulher que largou do outro pra ficar com outro. Você acha que isso é futebol ou tinha que estar na Contigo?
F. U. - Quem é o maior jornalista esportivo?
A. S. - Não existe! Daqui uns dias vou fazer uma lista de quantos vão para o puteiro, quantos ficam bêbados. Numa balada eu não posso ir, isso porque sou solteiro. Se eu for, aparece no outro dia “o presidente estava na boate tal”, e eles vão. Eles são os que mais querem que o time vá viajar para eles poderem ir também, ficar longe da mulher, vão para o puteiro. E eu tenho que dar satisfação? Falar quanto meu jogador ganha? Eles não falam quanto ganham. Dizem que pagar direito de imagem com nota fiscal é crime e existem vários jornalistas que recebem na carteira mil reais e por fora em nota fiscal. Jogador não pode, eles podem. Faço uma camiseta “Mano do Mano”, falam que estou puxando o saco do treinador. Não estou puxando o saco de ninguém, só que eu tenho o direito de imagem dele e tenho que fazer alguma coisa para justificar o direito de imagem.
F. U. - Vida de presidente é difícil...
A. S. - Isso é só uma parte pequena. Isso aqui é um antro. Eu tenho mil defeitos, mas não sou bandido, não sei falar bonito, não tenho estudo.
F. U. - Antes de ser presidente você trabalhou em que?
A. S. - Minha família tem empresas de embalagens plásticas. Com 12, 13 anos de idade eu carregava e descarregava caixas no Parque Dom Pedro, meu pai tinha Box de frutas e colocava o filho dele para trabalhar para não pagar carregador. Como é que eu vou estudar? Acha que é fácil para um garoto nessa idade chegar lá às duas horas da manhã, ficar até as 11 h e à tarde ir estudar. Acha que eu era a fim de estudar? É difícil. Esse país é cheio de discriminação.
A insatisfação do presidente Corinthiano em exercer o poder é evidenciada nas suas respostas.
Sanchez se sente perseguido e diz estar fazendo o melhor para o Clube, mas não vê a hora de ir embora .
Diz que daqui que fará uma lista de jornalistas que vão ao puteiro quantos ficam bêbados na balada.
O Blog selecionou as melhores partes e disponibiliza ao final, o link da entrevista completa.
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O homem forte do Corinthians
Com um discurso crítico, o presidente do Corinthians, Andrés Sanches, dispara contra tudo e contra todos.
Por Luciana Almeida
De família humilde, uma infância não muito diferente de outros brasileiros. Hoje é empresário e presidente de um dos maiores clubes brasileiros de futebol, Andrés Sanches, 45 anos, conversou com a reportagem da Folha Universitária e contou um pouco sobre as difíceis experiências no cargo de dirigente, falou do que pensa sobre torcida organizada, sobre as comemorações do centenário e a volta da disputa da Copa Libertadores da América.
Desde que assumiu a presidência em 2007, vem tentando fazer o máximo possível por um bom trabalho dentro do clube, e diz sair definitivamente do comando alvinegro após o término do mandato.
Andrés falou também sobre os bastidores de um clube de futebol, os contras em se estar à frente de um grande clube como o Corinthians, as responsabilidades, interesses, desafios, cobranças feitas tanto por torcedores e mais ainda pela imprensa. E diz que o futebol no Brasil, não passa de política e que muitas vezes ele paga caro pela sua sinceridade.
Folha Universitária – Presidente, quanto tempo de Corinthians?
Andrés Sanches – Desde 69. Com cinco anos de idade eu entrei com meu pai e minha família toda como sócio e estou até hoje, infelizmente.
F. U. – Infelizmente?! Por quê?
A. S. – É. Porque isso aqui é uma ‘merda’. Isso aqui é política. Ninguém dá nada, só querem.
F. U. – Você é visto como um dirigente jovem. A responsabilidade que depositam em você é maior por conta disso?
A. S. – A partir do momento que você tem 18 anos, responde pelos seus atos, você tem autonomia e autoridade para tomar conta de qualquer situação. Logicamente, no futebol, por ser muito arcaico, os mais velhos sempre se mantém no poder. Tem presidente de clube que ficam 10,15, 20 anos, e muitos estão até hoje. Outros tentam ficar o máximo possível e eu quero ir embora assim que acabar meu mandato, que é até fevereiro de 2012.
F. U. – Então você não pretende ficar?
A. S. – Pretender ficar não! Eu não fico! Cada um tem seus gostos, seus interesses e seus poderes, mas eu não tenho poder e interesse nenhum a não ser em meus filhos e minha empresa. Então é por isso que eu estou aqui de passagem, fazendo o melhor possível. E estou fazendo, mas não vejo o dia de ir embora.
F. U. – Você pode fazer uma comparação da antiga presidência e a atual?
A. S. – Não! Mesmo porque a antiga presidência já morreu, não tenho o que falar. Eles erraram e acertaram, vai da conclusão de cada corintiano, que sabe o que eles fizeram. Não adianta bater em cachorro morto.
F. U – Em sua opinião, o futebol foi elitizado?
A. S. – Infelizmente o futuro vai ser esse e não só no futebol.Hoje você pega os bancos, ficaram quantos? Supermercados quantos existem? Autopeças? Concessionária de automóveis? Os grandes estão engolindo os pequenos e acho que com o futebol vai ser igual. Vão ficar os 25, 30 maiores times do Brasil e alguns médios. Infelizmente os pequenos, ainda mais com a Lei Pelé, vão acabar.
F. U. – Essa exploração do marketing do Corinthians, como você observa?
A. S. – O futebol está muito arcaico, muito pequeno. O futebol, pela representatividade que tem no Brasil, se fatura muito pouco, não só em marketing, em ingresso, mas em tudo porque existem essas coisas que ninguém sai do poder, todo mundo quer se manter e fica desacreditado. Então, nós pegamos o Corinthians há dois anos. O que mais investimos foi no marketing, principalmente para trazer torcedores jovens, crianças e arrecadar dinheiro.
F. U. – Qual foi à contribuição do Ronaldo nesse aumento?
A. S. – O Ronaldo é um ídolo mundial. Hoje muita gente vai assistir ao jogo do Corinthians ou fala do Corinthians por causa dele. O Corinthians é muito grande aqui dentro do Brasil, fora não era muito conhecido. Com o Ronaldo ficou muito mais. Não se tem uma noção de quanto custa isso. Por exemplo: se o Corinthians fosse cobrar dos patrocinadores aquilo que ele aparece na mídia, não ia ter dinheiro para pagar e como sempre você está com a bacia nas almas, com o pires na mão, quem quer pagar, paga o mínimo possível. Quem quer cobrar cobra o máximo, mas não consegue, não fecha a conta.
F. U. – E sobre o preço dos ingressos...
A. S. – ... Quanto se paga para ir ao teatro? Futebol é um espetáculo. A maior torcida do Corinthians é dos ricos, milionários, classe média, classe pobre, na mendiga. Corinthians é maioria em todos os seguimentos. Tudo é oferta e procura. Se num jogo tem 35 mil pagantes, porque vou baixar o preço? Eu tenho que pagar minhas contas, tenho que contratar jogador, tenho que fazer um time competitivo e, lógico, tenho que achar um meio termo. Temos o Fiel Torcedor, que tem até 40% de desconto. Você coloca o ingresso a 10 reais, o torcedor vai pagar 4 reais para assistir a um jogo, então eu tenho que aumentar o preço para forçar esse Fiel Torcedor. Não tem que pegar fila, que é o que tantos reclamam. Pura hipocrisia, porque o show da Madona tinha uma fila enorme e ninguém falou nada. No futebol todo mundo fala. Se essas leis que querem impor no futebol fossem colocadas no país, ele seria outro. Descriminasse torcida organizada, o torcedor, o flanelinha, o cambista. Em qualquer peça de teatro tem cambista, só no futebol não pode ter. Isso é a tal da hipocrisia que impera nesse maldito país.
F. U. – E o Pacaembu será mesmo do Corinthians?
A. S. – O Pacaembu é da prefeitura. O máximo que pode acontecer é ter a concessão por 30, 40 anos, se conseguir. Se eu fosse prefeito da cidade, seria o mais rápido possível. Eu como presidente, luto o máximo para não pegar e o prefeito trabalha o máximo para entregar. O que o Pacaembu faz pela cidade? Quantas vezes você foi ao museu do futebol?
F. U. – E o tão sonhado estádio do Corinthians?
A. S. – Não vou falar sobre estádio.
F. U. – Para o ano que vem, o foco é mesmo a Copa Libertadores da America?
A. S. - Os campeonatos que o Corinthians disputa, ele tenta ganhar todos. Automaticamente, por nunca termos sido campeão de Libertadores, toda visibilidade, toda programação está voltada para o primeiro semestre do ano que vem. É um ciclo. Por exemplo, agora em julho, fomos campeões da Copa do Brasil, começou esse ciclo e vai se encerrar em agosto do ano que vem, mas o torcedor tem que ter paciência e entender que para você conquistar um campeonato, tem que disputar várias vezes e nós disputamos uma libertadores há 5 ou 7 anos, então fica mais difícil de ganhar, mas obviamente é um sonho de todos nós corintianos.
F. U. – O que está sendo preparado para a comemoração do centenário?
A. S. – Eu queria dormir hoje e acordar daqui um ano. É muita coisa. Como tudo no Corinthians, vai ter quem goste e quem não goste. Agora, comemorações vão ter de monte como festas e lembrando o torcedor corintiano que é o maior patrimônio que o clube tem. Então, automaticamente, vai ser tudo virado para ele, mas se perder dois jogos não vai adiantar nada. Vai ter um jogo profissional amistoso com um time espanhol ou inglês. Vão ter algumas ações, não só no futebol, como festivais dentro do clube e na cidade para o torcedor. Se eu for enumerar aqui vai ser muita coisa. A primeira é o carnaval e depois o navio do centenário.
F. U. - E o investimento do Corinthians nas categorias de base?
A. S. - O Corinthians é um dos que mais investe nas categorias de base. Existe muita dificuldade, porque você tem lá uns 200, 300 garotos para salvar um. Você paga 10 anos para o atleta aqui com médico, dentista, alimentação e depois com 18, 19 anos o moleque não vira jogador, num time de ponta. Não estudou porque com 15, 16 anos já tem concentração, viajem, torneio fora. Isso é no Corinthians ou em qualquer lugar do país. É triste porque poucos ganham dinheiro com futebol, agora, o Corinthians foi o que mais ganhou Taça São Paulo está sempre disputando todos os campeonatos, mas existem as dificuldades, ainda mais com essa Lei Pelé que você faz um contrato por três anos, o moleque sobe para o profissional e depois ninguém consegue renovar se não pagar uma fortuna, porque depois de três anos ele fica livre.
F. U. - Sobre venda de jogadores como o André Santos.
A. S. - Não temos condições de pagar 350 mil euros para jogador. Tenho mais 25 jogadores atualmente, não temos condições, ou eu vendo o jogador, ou deixo ele aqui e não joga mais, é o que está acontecendo com muitos times por aí. O Brasil é vendedor em relação ao futebol, não tem jeito, e o europeu é comprador. Antes de o clube falar comigo, eles já tinham acertado com o jogador. O torcedor sabe que o jogador foi para ganhar mais. Você acha que eles estavam chorando porque iriam sair do Corinthians? Não, era pq nunca imaginavam que iriam ganhar tanto dinheiro.
F. U. - E essa pressão da mídia em cima do Ronaldo?
A. S. - Ele tira de letra. O problema sou eu. Queria eu ter a facilidade que ele tem. A mídia esportiva no Brasil é muito hipócrita. No jornal de hoje (22/09) fala meia página de futebol e duas páginas da festa do Ronaldo, quem foi lá trepar, fumar maconha, a mulher que largou do outro pra ficar com outro. Você acha que isso é futebol ou tinha que estar na Contigo?
F. U. - Quem é o maior jornalista esportivo?
A. S. - Não existe! Daqui uns dias vou fazer uma lista de quantos vão para o puteiro, quantos ficam bêbados. Numa balada eu não posso ir, isso porque sou solteiro. Se eu for, aparece no outro dia “o presidente estava na boate tal”, e eles vão. Eles são os que mais querem que o time vá viajar para eles poderem ir também, ficar longe da mulher, vão para o puteiro. E eu tenho que dar satisfação? Falar quanto meu jogador ganha? Eles não falam quanto ganham. Dizem que pagar direito de imagem com nota fiscal é crime e existem vários jornalistas que recebem na carteira mil reais e por fora em nota fiscal. Jogador não pode, eles podem. Faço uma camiseta “Mano do Mano”, falam que estou puxando o saco do treinador. Não estou puxando o saco de ninguém, só que eu tenho o direito de imagem dele e tenho que fazer alguma coisa para justificar o direito de imagem.
F. U. - Vida de presidente é difícil...
A. S. - Isso é só uma parte pequena. Isso aqui é um antro. Eu tenho mil defeitos, mas não sou bandido, não sei falar bonito, não tenho estudo.
F. U. - Antes de ser presidente você trabalhou em que?
A. S. - Minha família tem empresas de embalagens plásticas. Com 12, 13 anos de idade eu carregava e descarregava caixas no Parque Dom Pedro, meu pai tinha Box de frutas e colocava o filho dele para trabalhar para não pagar carregador. Como é que eu vou estudar? Acha que é fácil para um garoto nessa idade chegar lá às duas horas da manhã, ficar até as 11 h e à tarde ir estudar. Acha que eu era a fim de estudar? É difícil. Esse país é cheio de discriminação.
,P.
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