sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Idário (1927-2009)

No dia 27 de junho do ano passado, este blog publicou o texto abaixo.
Hoje o ídolo, objeto do texto, morreu.

Abandonado.

O que se deve a um realizador de sonhos?


Por WALTER FALCETA*



Idário

No encontro com os heróis da Copa do Mundo de 1.958, realizado na quinta-feira, o presidente Lula prometeu encaminhar ao Congresso projeto de lei que garanta aposentadoria especial aos atletas campeões mundiais pela Seleção Brasileira.

A idéia é oferecer amparo àqueles que hoje não disponham de rendimentos suficientes ao bem-viver.

Entre os defensores da proposta, há quem recorra a Nelson Rodrigues para destacar o caráter épico da façanha esportiva.

Segundo o dramaturgo e escritor, o povo do Brasil deixou de se julgar "viralata" depois dos 5 a 2 sobre a Suécia.

Em uma crônica da época, publicada na "Manchete Esportiva", sentenciou:

- O brasileiro tem de si mesmo uma nova imagem. Ele já se vê na totalidade de suas imensas virtudes pessoais e humanas.

Mas será que os heróis dos clubes-nação não merecem semelhante tratamento?

Se é gigante o Corinthians, por exemplo, convém lembrar que sua mística foi construída por dedicados atletas, muitos deles em atividade nessa mesma época.

O poderoso time campeão do IV Centenário (1.954), no entanto, que converteu tantos brasileiros ao corinthianismo, teve seus próceres esquecidos por décadas.

Um deles é o raçudo Idário Sanches Peinado, nascido no Cambuci, corinthiano desde sempre, revelado nas categorias de base do clube.

Apelidado de Sangre, por conta da origem espanhola, o lateral-direito enfrentou com valentia endiabrados pontas, como Canhoteiro e Pepe.

Subia o adversário e a massa gritava: "pega ele, pega ele, Idário".

E jamais a Fiel deixou de ser atendida.

Idário deu-se por dez anos ao Timão, entre 1.950 e 1.960.

Fez 475 jogos e conquistou três Paulistões (1.951, 1.952 e 1.954) e três torneios Rio-S. Paulo (1.950, 1.953 e 1.954).

Guerreiro obstinado, escondia as contusões para seguir defendendo o clube do coração.

Como tantos outros de sua geração, Idário não fez fortuna com o futebol.

Depois de trabalhar por 35 anos, 25 deles na Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, aposentou-se.

Hoje, aos 81 anos, vive de maneira modestíssima num apartamento na Praia Grande (SP).

Somado seu rendimento ao da esposa, Dona Natividade, são quatro salários mínimos, consumidos em boa parte na compra de medicamentos.

Idário enfrenta uma inflamação crônica na próstata, artrose nos joelhos e uma catarata, agravada por uma enfermidade nas pálpebras.

Sem filhos, resiste com dificuldade, sem seguro de saúde.

Recentemente, recebeu a solidariedade de jovens do site "Loucos por ti" e de membros de uma comunidade corinthiana do Orkut.

"Nossa mobilização, levantou fundos para auxiliar na compra de alguns desses remédios", informa Janaína Barioni, uma das participantes do grupo.

"Antes, confeccionamos uma placa comemorativa que resgata o valor desse ídolo de várias gerações".

Meses atrás, Idário encontrou-se com o atual presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, que lhe prometeu auxílio.

Depois disso, entretanto, a muralha de secretárias e assessores impediu um novo contato.

"Ligamos muitas vezes, mas nada conseguimos falar com ele", lamenta Dona Natividade.

Vale lembrar que o patrocinador do Corinthians é a Medial Saúde, uma das principais empresas de saúde privada do país.

Fica, portanto, novamente a pergunta: o que deve um grande clube a um realizador de sonhos?

*Walter Falceta é jornalista e corintiano, melhor dizendo, é corintiano e jornalista.


Do Blog do Juca Kfouri

2 Comentários:

Anônimo disse...

FICO MUITO FELIZ, E AGRADEÇO DE CORAÇÃO A HOMENAGEM QUE FOI FEITA PARA O MEU TIO IDÁRIO ESPERO QUE ELE NÃO CAIA NO ESQUECIMMENTO PELO FATO DE TER IDO MORAR NO ANDAR DE CIMA E SIM QUE SEJA LEMBRADO POR TODOS AQUELEES QUE AMAM E TORCEM PELO MARAVILHOSO TIME CORINTHIANS!!! AGRADEÇO DE CORAÇÃO

Blog do Vico disse...

Com certeza, irá ser sempre lembrado.....o "Deus da Raça".....eternamente!

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