Outros tempos....vale a pena ler!
Querido jovem torcedor,
Tenho exatos 81 anos e nasci no Bom Retiro, pouco antes que minha família se mudasse para a região do Tatuapé.
Nasci no ano da inauguração do Parque S. Jorge e orgulhosamente Campeão Paulista.
Sou corinthiano desde que sou gente. E não lembro de um dia sequer em que não tenha pensado no nosso Timão.
Fiz muitas coisas na vida, como nadar no Tietê e ajudar a construir Brasília, trabalhando como eletricista.
Lá, eu fiz muitos amigo candangos. Ele me conheciam como o "corinthiano", porque eu costumava andar pelo Planalto Central com uma camisa branca, com nosso distintivo bordado sobre o coração.
Convivo sem problemas com um problema na perna esquerda,resultado da época em que não tinha vacinas neste país.
Mas não foi isso que me impediu de chutar a bunda de um palmeirense que cuspiu numa bandeira minha, em 1.960,época do nosso jejum.
Eu tenho visto que a nossa torcida mudou.
Nosso time sempre foi o time do povo, como diziam os amigos do meu pai, no "Bonrá", o apelido do bairro.
Hoje, vemos um diretor falar que tudo virou business e ficamos todos quietos, dando razão a esse absurdo.
Na minha época de jovem, o jogador era escolhido por um olheiro, e devia responsabilidade somente ao clube.
Hoje, eles preferem dar dinheiro aos tais empresários e a nossa torcida acha que está certo, se conforma.
A torcida do Corinthians não foi assim nunca. Ela sempre apoiou, mas sempre protestou. Pois quem apóia, paga e derrama lágrimas, tem sim o direito de expor sua opinião.
Pelo que vejo hoje, dizem que as pessoas mobilizadas não são corinthianos. O vídeo mostrado por meu sobrinho-neto, falava em "modinhas" e "cornetas",palavras que eu não conhecia.
Então, ele me explicou.
Segundo ele, os jovens usam esses nomes para criticar aqueles que condenam as negociatas e exigem um Corinthians vencedor.
Por essa regra, os torcedores participativos, que se sentem responsáveis pelo Timão, são considerados "sampaulinos".
Eu vi a torcida do Corinthians muitas vezes furiosa.
Havia quem pedisse dinheiro emprestado da sogra para tentar assistir a um Corinthians x Palmeiras.
Mas o rapaz ficava fulo da vida se o time não correspondia.
Meu pai encrencou com meia cidade em 1.933, quando o cartola da época vendeu meio time para fazer dinheiro.
Aí, fomos enfrentar o palestra e tomamos de 0 x 8.
A torcida nossa fez uma loucura e chegou a botar fogo na sede.
Eu não acho a violência o modo correto de protestar. E nem acho que jogar cadeira no diretor é coisa de gente com cabeça no lugar.
Mas eu entendo como essas coisas são no espírito do Fiel, principalmente dos mais simples, que têm o Corinthians com uma das únicas alegrias da vida.
Eu já não era novinho na época da Ditadura, mas ainda ia aos jogos e vi a Gaviões da Fiel protestar contra os bandidos do clube e vi também essa turma pedir Anistia e Diretas-Já.
Em 1.984, havia muitas bandeiras nossas nos comícios da Sé e do Anhangabaú.
Meu pensamento pode estar meio desordenado, mas eu quero dizer que a gente sempre tem que assumir o comando das coisas. Se a gente gosta mesmo, tem que apoiar e cobrar.
O que aconteceu com as vendas desses jogadores foi um exemplo de que eles querem é fazer lucro rápido e não pensam em você, jovem torcedor.
Hoje, o business é tudo. Mas isso não está certo. Eles não respeitam os contratinhos e deixam os empresários tomar conta do que é seu.
Foi por isso que entregamos o sonho da tal coroa tripla.
Agora de noite, vi nosso técnico dizendo que não dá mais, que não temos mais chances. E isso antes de acabar o primeiro turno, hein...
Pra mim, isso é triste, pois nunca vi o Corinthians se render.
Jovem torcedor, lute pela nossa tradição. Não tenha medo de erguer a voz, pois esse clube nós fizemos para você. Cuide dele com carinho e respeite sua tradição.
Não deixe este diamante se quebrar.
Rubens Calábria, Vila Matilde, SP, Capital, Brasil
Tenho exatos 81 anos e nasci no Bom Retiro, pouco antes que minha família se mudasse para a região do Tatuapé.
Nasci no ano da inauguração do Parque S. Jorge e orgulhosamente Campeão Paulista.
Sou corinthiano desde que sou gente. E não lembro de um dia sequer em que não tenha pensado no nosso Timão.
Fiz muitas coisas na vida, como nadar no Tietê e ajudar a construir Brasília, trabalhando como eletricista.
Lá, eu fiz muitos amigo candangos. Ele me conheciam como o "corinthiano", porque eu costumava andar pelo Planalto Central com uma camisa branca, com nosso distintivo bordado sobre o coração.
Convivo sem problemas com um problema na perna esquerda,resultado da época em que não tinha vacinas neste país.
Mas não foi isso que me impediu de chutar a bunda de um palmeirense que cuspiu numa bandeira minha, em 1.960,época do nosso jejum.
Eu tenho visto que a nossa torcida mudou.
Nosso time sempre foi o time do povo, como diziam os amigos do meu pai, no "Bonrá", o apelido do bairro.
Hoje, vemos um diretor falar que tudo virou business e ficamos todos quietos, dando razão a esse absurdo.
Na minha época de jovem, o jogador era escolhido por um olheiro, e devia responsabilidade somente ao clube.
Hoje, eles preferem dar dinheiro aos tais empresários e a nossa torcida acha que está certo, se conforma.
A torcida do Corinthians não foi assim nunca. Ela sempre apoiou, mas sempre protestou. Pois quem apóia, paga e derrama lágrimas, tem sim o direito de expor sua opinião.
Pelo que vejo hoje, dizem que as pessoas mobilizadas não são corinthianos. O vídeo mostrado por meu sobrinho-neto, falava em "modinhas" e "cornetas",palavras que eu não conhecia.
Então, ele me explicou.
Segundo ele, os jovens usam esses nomes para criticar aqueles que condenam as negociatas e exigem um Corinthians vencedor.
Por essa regra, os torcedores participativos, que se sentem responsáveis pelo Timão, são considerados "sampaulinos".
Eu vi a torcida do Corinthians muitas vezes furiosa.
Havia quem pedisse dinheiro emprestado da sogra para tentar assistir a um Corinthians x Palmeiras.
Mas o rapaz ficava fulo da vida se o time não correspondia.
Meu pai encrencou com meia cidade em 1.933, quando o cartola da época vendeu meio time para fazer dinheiro.
Aí, fomos enfrentar o palestra e tomamos de 0 x 8.
A torcida nossa fez uma loucura e chegou a botar fogo na sede.
Eu não acho a violência o modo correto de protestar. E nem acho que jogar cadeira no diretor é coisa de gente com cabeça no lugar.
Mas eu entendo como essas coisas são no espírito do Fiel, principalmente dos mais simples, que têm o Corinthians com uma das únicas alegrias da vida.
Eu já não era novinho na época da Ditadura, mas ainda ia aos jogos e vi a Gaviões da Fiel protestar contra os bandidos do clube e vi também essa turma pedir Anistia e Diretas-Já.
Em 1.984, havia muitas bandeiras nossas nos comícios da Sé e do Anhangabaú.
Meu pensamento pode estar meio desordenado, mas eu quero dizer que a gente sempre tem que assumir o comando das coisas. Se a gente gosta mesmo, tem que apoiar e cobrar.
O que aconteceu com as vendas desses jogadores foi um exemplo de que eles querem é fazer lucro rápido e não pensam em você, jovem torcedor.
Hoje, o business é tudo. Mas isso não está certo. Eles não respeitam os contratinhos e deixam os empresários tomar conta do que é seu.
Foi por isso que entregamos o sonho da tal coroa tripla.
Agora de noite, vi nosso técnico dizendo que não dá mais, que não temos mais chances. E isso antes de acabar o primeiro turno, hein...
Pra mim, isso é triste, pois nunca vi o Corinthians se render.
Jovem torcedor, lute pela nossa tradição. Não tenha medo de erguer a voz, pois esse clube nós fizemos para você. Cuide dele com carinho e respeite sua tradição.
Não deixe este diamante se quebrar.
Rubens Calábria, Vila Matilde, SP, Capital, Brasil
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