segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Carta de um pré-socrático ao amigo Magrão

Do Blog do Xico Sá



Eita, que susto, Magrão, faz isso não!

Eu aqui no Nordeste cuidando dos meus, como sabe, e, ave, lá vem a má notícia, não tive como não abrir uma cerva para aguentar o suspense, uma, duas, três, pense, um engradado de surpresas, como diz o amigo sobre o futiba!

Pra aguardar o desenrolar dos boletins, os lances de dados que não abolirão o acaso, como bem late aqui agora meu vira-lata de infância, o Marlamé, qualé, la movida existência que pulsa na baixa ou na hipertensão, o sangue, a reza, o espírito nobre que estanca a mais teimosa das hemorragias, vida que segue.

Que susto, rapaz, assim você me mata, só pedindo um helicóptero do plano de saúde que me salve, porque doendo em ti, carajo, dói no teu irmão aqui também, bem dentro, da forma mais hemorrágica, torácica, lascada, assustadora, no osso como quem guarda uma bala no corpo quando o mundo gela.

Agora falando mais sério ainda, Magrão, mermão, sabia que o beija-flor é o helicóptero de Deus, como falou o tio Nelson Rodrigues?

Ria não, fulero, é de vera.

Magrão, sei que não és Pasquale entonces não vai ligar para o meu cambiamento tratamentoso da segunda pessoa para a terceira, e vice-versa, já era, tu sabe que nosso português é tão matemático como o dois e dois são cinco do rei Roberto.

Magrão, porra, tu adoeceste de sacanagem, só pra matar de trabalho o velho e bom Maza, que me ligou tão aflito, pense como esse cabra te ama!

E o sururu do brother Kajuru, o silêncio nervoso do Cachaça -nosso camarada cosmo-ribeirãopretano-, a pausa do velho Mussa para me dizer o que se passa!

E o Frê, doutor, queria que você visse, mais aflito que uma aeromoça em pânico, dizia, calma, Xico, enquanto eu já achava que tinha dado merda!

Viver é susto, Magrones, amanhã chego por ai, para cantarmos juntos o clássico de Milionário & Zé Rico, aquela nossa versão em portunhol selvagem-carreteiro, nessa longa estrada da existência, como vimos no filme do genial Nelson Pereira dos Santos.

Buera vivendo e num puedemos cessar, Magrão, na esperanza de ser campeón, alcançando em primero lugar.

Vai, Magrão, amacia no peito, rola com elegância esse couro, mas não humilha, puerra, sem retrovisor, velho, chega de brincadeirinha de calcanhar, pra frente é que se anda, viejo, como me diz, como reza a lenda corintiana.

Sim, viu a Gaviões, que loucos, que maloca, faixa linda com seu nome. O resultado do jogo, óbvio, num importa, tu só gosta mesmo é de jogo bonito, seu virtuoso da gota, seu santista de nascença e seu corintiano depois de homem feito. Bonito.

Ah, chega, né, amigo, se continuar nessa pegada já já vira aquele sentimental que sempre chora no teu ombro... E digamos que choro num é o alimento que bem carece agora.

Saudade de homem danada, Magrones, nem tô me reconhecendo, aqui fico, mas amanhã a gente se fala, um beijo pra Kátia e para os teus seis meninos...

Sim, todo mundo aqui, do Recife ao Juazeiro, aproveita para te mandar aquele abraço de quem te ama ao longe da forma mais de perto.

Um beijo, meu amigo, e ainda vamos tirar muita buena onda nessa vidinha que nos cederam! Quem manda!

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