quarta-feira, 4 de maio de 2011

Salvem-nos quem puder!

do Blog do Paulo André (zagueiro do Timão)

Confuso, irracional, ultrapassado, desorganizado, “fazedor” de média e sem paixão pelo nosso futebol. São adjetivos usados para tentar descrever o calendário, o ranking de clubes nacional e as pessoas que têm poder de decisão nesse sistema que envolve todo o futebol brasileiro.

Nos cargos fundamentais temos políticos, e não especialistas preparados e formados para criar soluções aos inúmeros problemas. Amantes do esporte também fazem falta nesse meio pois qualquer ser pensante que entenda um pouquinho de futebol ou que pelo menos goste do jogo, não permitiria que os melhores times do Brasil ficassem de fora da Copa que leva o nome desse mesmo país que eles dizem defender. (Mas se a taça das bolinhas gerou uma confusão extraordinária, imagine o caos político entre clubes e confederação numa eventual inovação das regras desse sistema).

Eu já falei em outros posts de todas as mudanças possíveis e necessárias que, na minha opinião, poderiam melhorar o formato do calendário. Hoje, queria explicar como funciona o ranking de clubes e de federações brasileiro para que vocês entendam a bagunça e tirem suas próprias conclusões.

Eu sei que o assunto é um pouco chato, mas vamos levantar a bola para tentar despertar a curiosidade de alguém da própria CBF ou dos clubes sobre o assunto. Só para entender a importância do nosso ranking, é ele que rege a composição de campeonatos importantes no nosso país como a Copa do Brasil e o Brasileiro da série D.

Como funciona o Ranking?

O campeão brasileiro da série A ganha 60 pontos, enquanto o último colocado da mesma divisão ganha 41 pontos. O campeão da série B ganha 40 pontos, enquanto o último colocado da mesma divisão ganha 21 pontos. Seguindo esse caminho, o primeiro colocado da série C ganha 20 pontos e o último classificado ganha 1 ponto.

Eis que surge a primeira pergunta: Os participantes da série D não ganham pontos no ranking? Por que?

Vale lembrar que a série D é composta por 40 clubes, dos quais 27 obtém direito a vaga por terem sido campeões estaduais ou o primeiro clube na classificação uma vez excluídos os participantes das séries A, B e C.

Outros 9 times obtém vaga por terem alcançado a segunda colocação do estadual (excluídos os participantes das séries A, B e C) das 9 primeiras federações do ranking nacional de federações (que é determinado pela soma de pontos de todos os clubes integrantes de cada federação). E por último, 4 equipes que sofreram decesso no campeonato brasileiro da série C no ano anterior.

Percebe-se que o ranking brasileiro de clubes dita o ranking das federações, que por sua vez dita a quantidade de vagas por estado para a disputa da série D.

Outro exemplo da importância do Ranking Brasileiro de clubes é a divisão de vagas da Copa do Brasil. Peguemos a Copa do Brasil 2011, competição super importante que dá uma vaga a Libertadores da América 2012. O torneio é composto por 64 clubes divididos da seguinte forma: As 5 primeiras federações no Ranking Nacional das Federações (SP, RJ, RS, MG, PR) possuem 3 vagas. As 5 últimas federações ranqueadas (AC, TO, RO, AP, RR) possuem apenas uma vaga. As demais federações possuem 2 vagas cada, totalizando 54 equipes. Outras 10 vagas são distribuídas pelo critério técnico para aqueles que não se classificaram pelo critério das federações ou não estão na Libertadores.

Com isso, esta edição do campeonato não conta com Corinthians, Inter, Grêmio, Fluminense, Santos e Cruzeiros (melhores equipes do país em 2010), nem Figueirense e América-MG, que, apesar de disputarem a série A do campeonato brasileiro desse ano, não têm índice técnico para a disputa da competição.

Você acha justo duas equipes da primeira divisão não terem índice técnico para a disputa do torneio?

O ranking de clubes brasileiros utiliza critérios arcaicos e não condizentes à realidade atual do futebol. Só para se ter uma ideia, esse ranking computa resultados desde 1971 (início do Campeonato Brasileiro que de lá pra cá, mudou diversas vezes de formato e número de participantes). Enquanto isso na Europa, o ranking que dita a quantidade de vagas de cada país nos campeonatos europeus é feito com a média das últimas 5 temporadas.

Não é tão difícil entendermos e copiarmos um modelo mais justo, que oferecerá um melhor espetáculo ao público, por contar com as melhores equipes da atualidade. Até porque, se favorecermos a tradição à competência, estaremos de certa forma, sendo coniventes com a má gestão de clubes tradicionais que apesar do tamanho da torcida e da quantidade de títulos, não conseguiram se manter entre os melhores do país nos últimos anos.

Quem sabe se fizermos como o Platini e seu fair play financeiro, serviremos de exemplo para nossos políticos que “cuidam” de setores muito mais importantes que o futebol no nosso país. Além disso, poderíamos diminuir a corrupção e a falta de transparência nas contas dos clubes brasileiros, que vivem parcelando e postergando suas dívidas, autorizados e apoiados pelos governantes que precisam dos votos da massa de torcedores para se reelegerem.

Por favor, salvem-nos quem puder!


OBS 1: Os considerados campeões brasileiros antes de 1971, oficializados no fim do ano passado pela CBF, ganharam pontos e alteraram o ranking, ou não? (Ainda não consegui essa informação).
OBS 2: Eu nem ousei tocar no ranking da Conmebol, que decide a quantidade de vagas por país nas competições Sul-Americanas, porque é ainda pior. É um dos maiores absurdos da história da lógica!

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