Ezequiel passa dificuldades financeiras e aposta que filho brilhará no Corinthians
Ezequiel nunca foi um craque, mas com sua raça virou o xodó da torcida do Corinthians no primeiro título brasileiro de 1990 e conheceu as glórias do futebol. Vinte anos depois, o ex-jogador vive situação bem diferente e passa por dificuldades financeiras. Mas aposta em seu filho Gabriel, de 14 anos, para ser o novo ídolo do time que o consagrou e até do mundo.
Quase uma década depois de encerrar a carreira na Ponte Preta, Ezequiel admite que em muitos momentos não teve ‘os pés no chão’ para administrar a mudança brusca da vida humilde que levava para o estrelato. Isso interfere até hoje.
“Não juntei (dinheiro) o quanto poderia, mas Deus me deu força. Quando não tem dinheiro, a sogra ajuda, minha esposa também ajuda muito”, disse. “Como arroz e feijão todo dia, não precisa do file mignon, dá para comer o pé de frango e o pescoço. Rezo para que nunca deixe faltar, enquanto está pingando está bom. Não pode é deixar secar”, completou.
O ex-volante já viveu momentos mais difíceis quando pendurou as chuteiras em 2002 e se viu sem o que mais amava: o futebol. Mas depois de trabalhar como entregador de remédios, ele voltou a fazer o que lhe dá prazer. Além de atuar em partidas de máster, dá aulas em uma escolinha de futebol em Campinas.
São cerca de cinco jogos por mês que lhe rendem de R$100 a R$200 cada. Na escolinha, os 40 a 50 alunos pagam R$45 mensais. Mas esse dinheiro é dividido entre os donos. A renda de Ezequiel também não fica só para ele. Ele precisa sustentar a família e os sete filhos, sendo que dois ainda moram com ele.
O trabalho informal não lhe dá muitas garantias. Por isso quando a situação fica mais difícil conta com a ajuda da família, dos amigos e da esposa, que trabalha em uma escola para crianças e vende cosméticos. Em 2009, os amigos da época de Corinthians promoveram um jogo beneficente, liderados por Neto.
Ezequiel admite que gostava de uma vida boêmia na época de atleta, mas nega os boatos de que teria problemas com alcoolismo. “Em relação aos pés no chão, deixei a desejar. Quando você chega de um time pequeno em um clube grande é difícil assimilar. Você se perde um pouco. De balada eu gostava muito, eu fazia muito churrasco. Hoje gosto de cerveja e fumo meu cigarro. Mas nunca usei droga, nunca dei vexame e nunca precisei de clínica de reabilitação”, garante.
Hoje, Ezequiel sonha em ser técnico de futebol e já teve uma experiência como auxiliar de Marco Aurélio, na Ponte. Mas a instabilidade na carreira de treinador e a exigência cada vez maior pelos resultados o fazem repensar na ideia. Ele só toparia um projeto se tivesse voto de confiança e tempo para trabalhar.
Seu grande orgulho é o filho Gabriel, de 14 anos, que já atuou no Rio Branco e no Guarani, de Campinas, como atacante. Ezequiel já conversou com diretores da Portuguesa e do Corinthians e no fim do ano quer que ele ingresse na base do time alvinegro. O pai não poupa elogios, mas diz que não é ‘coruja’.
”Se eu falar vão dar risada da minha cara. Mas ele vai ser um grande jogador, desde que trabalhem com ele de forma decente em relação à cabeça e ao corpo. Ele tem potencial para ser um dos melhores do mundo”, disse.
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